Nesse contexto, o elemento de marketing para esse tipo de venda é o corpo feminino. Não à toa, muitas mulheres participam dos desfiles, mas as que têm sua imagem transmitida pela televisão são aquelas que têm o seu corpo à mostra. São mulheres que submetem seus corpos às intensas privações alimentares, a exercícios físicos exaustivos e a cirurgias plásticas quase anuais, a fim de que o seu corpo seja foco de atenção do Carnaval.
É bom que se esclareça que o nudismo não é uma prática discriminatória, o que se acredita ser discriminável é a venda dos corpos enquanto produto. São esses corpos que atraem turistas que fazem os hotéis lucrarem, restaurantes caros lucrarem e boutiques caras lucrarem. Chamo de corpos e não de mulheres, porque o corpo torna-se uma coisa vendável, quase desumanizada. O curioso é que são esses corpos que pouco lucram.
Então, torna-se lógica a pergunta: o que ganham esses corpos? A princípio, a única resposta lógica seria poder. Poder no sentido proposto pelo filósofo Michel Foucault: em que se trata de submissão do outro perante a si, e que pode se apresentar nas mais íntimas relações interpessoais. Nesse caso, o corpo “mais bonito” do Carnaval ganha todos os olhares, e esses olhares significam a valorização desse corpo. Essa valorização, que nesse caso pode ser chamada ingenuamente de “autoestima” resulta em sensação de poder. Um poder que desaparece logo que se deixa o desfile, mas que serve como produto para a lucratividade de um sistema turístico de ética duvidosa.
Por Paula Rondinelli
Colaboradora Brasil Escola
Graduada em Educação Física pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP
Mestre em Ciências da Motricidade pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP
Doutoranda em Integração da América Latina pela Universidade de São Paulo - USP
Colaboradora Brasil Escola
Graduada em Educação Física pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP
Mestre em Ciências da Motricidade pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP
Doutoranda em Integração da América Latina pela Universidade de São Paulo - USP

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